Um questionário da Secção Regional do Centro da Ordem dos Médicos (SRCOM) para identificação de material indispensável na estratégia de luta contra a COVID-19 revela as “carências graves nas unidades de saúde para fazer face à crise sanitária”, adianta a SRCOM em comunicado.
Trata-se de um “trabalho inédito de sistematização, no âmbito da Covid-19, e no qual ficaram registadas 1003 respostas válidas de profissionais que trabalham nos hospitais e centros de saúde”, frisa.
O inquérito permite 2ter a perceção global da falta de material geral, proteção individual e material de apoio ao exame clínico de urgência. Faltam oxímetros, lanternas, máscaras de oxigénio, otoscópios e estetoscópios, entre muitos outros”.
Ainda segundo a SRCOM o resultado evidencia o “impacto negativo da falta de organização e gestão do sistema de saúde e traz à luz as dificuldades nos hospitais”.
Acrescentando que os resultados evidenciam que:
- 88% dos médicos referem que falta pelo menos um tipo de material essencial para o combate à Covid-19
- 59% dos médicos assumem falta de material geral
- 83% dos médicos afirmam que faltam Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
- 62 % dos médicos reportam falta de material ao nível do apoio ao exame clínico de urgência
Os resultados mostram que sobre os EPI:
- 44% dos médicos reportam falta de máscara FFP2 ou equivalente
- 35 % dos médicos assinalam falta de fato de proteção integral
- 35 % dos médicos assinalam falta de proteção de calçado
- 31% dos médicos não têm bata impermeável
- 28 % dos médicos reportam falta de roupa de circulação hospitalar (fardas de bloco)
Os resultados revelam ainda as falhas de material ao nível do apoio ao exame clínico de urgência:
- 30% assumem falta de termómetro de infravermelhos
- 19% dizem que não têm oxímetro
- 17% assinalam que faltam otoscópios
- 18% afirmam não ter estetoscópio
Os resultados revelam as diferenças entre hospitais e centros de saúde:
- 36% dos médicos que trabalham nos hospitais reportam falta de falta de proteção integral, enquanto que 47% dos médicos apontam essa falta nos Cuidados de Saúde Primários;
- 31% dos médicos assinalam falta de proteção ocular nos hospitais; 37% dos médicos referem essa falha nos Cuidados de Saúde Primários.
A título de exemplo, os resultados evidenciam que onde os médicos sentem mais falta de máscaras cirúrgicas é no Centro Hospitalar Cova da Beira (26% dos inquiridos revela essa lacuna), logo seguido do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (23%), Centro Hospitalar do Baixo Vouga (19%), Centro Hospitalar Tondela-Viseu (17%) e Centro Hospitalar de Leiria (12%).
Outro dado mostra ainda que, quanto aos fatos de proteção integral, onde os médicos assinalam mais falhas é no Centro Hospitalar de Leiria (43% dos inquiridos), logo seguido do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (41%), Centro Hospitalar da Cova da Beira (32%), Centro Hospitalar do Baixo Vouga (31%), e Centro Hospitalar Tondela-Viseu (26%).
“Através desta iniciativa, pretendemos chamar a atenção das autoridades de Saúde e informar a sociedade civil sobre as áreas em que os esforços se devem concentrar (identificando áreas prioritárias). Através deste estudo, damos um contributo na missão de defender e proteger os médicos e os restantes profissionais de saúde, bem como toda a população que recorre ao Serviço Nacional de Saúde”, assume Carlos Cortes.
“Estes números indicam algo indesmentível: A COVID-19 veio mostrar as graves carências em todo o Serviço Nacional de Saúde”, sublinha.
No entender do presidente da SRCOM, “os responsáveis do Ministério da Saúde deverão, face a esta identificação rigorosa, tomar medidas concretas e muito urgentes”, assume Carlos Cortes.
“Esta falta de material é muito grave, sobretudo no momento em que estamos a retomar a atividade. Deveremos aproveitar esta fase para nos prepararmos para novas vagas da doença da Covid-19”, conclui.